Eu não odeio cinema.
Reassumindo o espaço depois de um longo e tenebroso verão...
Juro que estava me disciplinando, tentando pensar em textos menores, pra poder aumentar minha assuidade por aqui. Infelizmente, nem só de blog vive um cérebro, e um monte de coisas surgiram na frente pra que eu novamente ignorasse involuntariamente este espaço. Quando vê, o caramujo já está na PQP e já se passaram três meses desde o último post. Mas, enfim, cá estamos de volta, tentando novamente compensar o atraso. Vamos ver no que dá.
Depois de algum tempo examinando os processos de percepção e relações sociais desta nossa época virtual (algo ao que pretendo continuar atento), resolvi que voltaria a falar do que em primeiro lugar inspirou a própria existência deste blog, e minha própria insistência em continuar pensando e pontuando certas questões. Pois é, vou voltar a falar de cinema.
Aí, cabe um primeiro esclarecimento, já presente no título deste post. Minha posição crítica em relação a boa parte dos filmes sobre os quais amigos, alunos e recém-conhecidos me perguntam não se dá por conta de eu não gostar de cinema, como muitos dizem, e como seria natural o senso comum pensar. Aliás, a figura do crítico freqüentemente é referenciada à imagem do chato, do descontente com as coisas, do cara que não relaxa e fica só metendo o pau, que termina ganhando a fama de não apreciar a “sétima arte”. Longe de mim me colocar na posição de crítico de cinema – sou mais realizador e cinéfilo (talvez até acadêmico) do que propriamente crítico. De toda forma, não nego, minha posição é crítica, sim.
Mas é que, pensando bem, todo mundo é um pouco crítico. Todo mundo tem uma posição ou uma opinião a respeito de filmes, então está exercendo a expressão de sua impressão estética, de sua relação com uma certa obra. E quando alguém expressa que não gosta da maioria dos filmes que vê, é comum aplicarmos fórmulas matemáticas ou lógicas estatísticas e inferir simplesmente: “você não gosta de cinema!”
Então, aqui vai minha real e óbvia posição: se critico tanto os filmes, não é porque não gosto de cinema – muito pelo contrário. É por amar o cinema, por esperar muito mais dele do que um simples acessório pra comer pipoca ou algo que eu possa interromper para atender o celular, que espero de um filme, no mínimo, uma imersão intensa. Eu espero que ele transponha minhas defesas e reservas, que ele me fale diretamente e de forma forte, sem deixar questões pela metade, sem me empurrar uma ideologia goela abaixo e, mais importante, sem me impedir de pensar sobre ele. Sim, acho que o filme é também um convite ao pensamento. Não sempre um pensamento crítico ou técnico, mas sobretudo afetivo.
Pois é, recado dado, dêem descontos pela minha nerdice em comentar certos aspectos, e percebam que conhecer questões teóricas e técnicas não me restringem na apreciação de um filme – simplesmente me abre outras possibilidades de leitura. Acho que essa é a riqueza da coisa.
E fiquem atentos, já tem um novo texto a caminho. Espero postar na semana que vem (tenham fé, a esperança morre, mas é a última...).
Juro que estava me disciplinando, tentando pensar em textos menores, pra poder aumentar minha assuidade por aqui. Infelizmente, nem só de blog vive um cérebro, e um monte de coisas surgiram na frente pra que eu novamente ignorasse involuntariamente este espaço. Quando vê, o caramujo já está na PQP e já se passaram três meses desde o último post. Mas, enfim, cá estamos de volta, tentando novamente compensar o atraso. Vamos ver no que dá.
Depois de algum tempo examinando os processos de percepção e relações sociais desta nossa época virtual (algo ao que pretendo continuar atento), resolvi que voltaria a falar do que em primeiro lugar inspirou a própria existência deste blog, e minha própria insistência em continuar pensando e pontuando certas questões. Pois é, vou voltar a falar de cinema.
Aí, cabe um primeiro esclarecimento, já presente no título deste post. Minha posição crítica em relação a boa parte dos filmes sobre os quais amigos, alunos e recém-conhecidos me perguntam não se dá por conta de eu não gostar de cinema, como muitos dizem, e como seria natural o senso comum pensar. Aliás, a figura do crítico freqüentemente é referenciada à imagem do chato, do descontente com as coisas, do cara que não relaxa e fica só metendo o pau, que termina ganhando a fama de não apreciar a “sétima arte”. Longe de mim me colocar na posição de crítico de cinema – sou mais realizador e cinéfilo (talvez até acadêmico) do que propriamente crítico. De toda forma, não nego, minha posição é crítica, sim.
Mas é que, pensando bem, todo mundo é um pouco crítico. Todo mundo tem uma posição ou uma opinião a respeito de filmes, então está exercendo a expressão de sua impressão estética, de sua relação com uma certa obra. E quando alguém expressa que não gosta da maioria dos filmes que vê, é comum aplicarmos fórmulas matemáticas ou lógicas estatísticas e inferir simplesmente: “você não gosta de cinema!”
Então, aqui vai minha real e óbvia posição: se critico tanto os filmes, não é porque não gosto de cinema – muito pelo contrário. É por amar o cinema, por esperar muito mais dele do que um simples acessório pra comer pipoca ou algo que eu possa interromper para atender o celular, que espero de um filme, no mínimo, uma imersão intensa. Eu espero que ele transponha minhas defesas e reservas, que ele me fale diretamente e de forma forte, sem deixar questões pela metade, sem me empurrar uma ideologia goela abaixo e, mais importante, sem me impedir de pensar sobre ele. Sim, acho que o filme é também um convite ao pensamento. Não sempre um pensamento crítico ou técnico, mas sobretudo afetivo.
Pois é, recado dado, dêem descontos pela minha nerdice em comentar certos aspectos, e percebam que conhecer questões teóricas e técnicas não me restringem na apreciação de um filme – simplesmente me abre outras possibilidades de leitura. Acho que essa é a riqueza da coisa.
E fiquem atentos, já tem um novo texto a caminho. Espero postar na semana que vem (tenham fé, a esperança morre, mas é a última...).